terça-feira, 3 de abril de 2018

Continuar em meio a dor

Marielle Franco, presente!



Nós resistiremos
Falaram-nos que deveríamos estudar
Assim Marielle o fez
Falaram-nos que deveríamos ser participativos
Assim Marielle o fez
Falaram-nos que deveríamos nos organizar
Assim Marielle o fez
Falaram-nos que deveríamos disputar cargos públicos
Assim Marielle o fez
E mesmo assim não deixaram Marielle falar

As últimas semanas tem sido difíceis
Vemos mais um vez essa estrutura racista promover o genocídio negro
Exterminaram Marielle Franco, quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro em 2016
Negra, mulher, periférica, bissexual, mãe, companheira e ativista

Morta pelas ideias que defendia
Mas não pense que o fato de ser negra não tenha influenciado esse assassinato
Pois a arma que puxa o gatilho pra matar um negro é mais leve do que aquele que ceifa outras vidas
Nessa matança institucional surgem estilhaços mortais
Dessa vez eles acertaram Anderson Gomes
O condutor do carro alvo que no dia fazia um bico depois de ser demitido

Talvez esses estilhaços não tenham sido tão aleatórios assim
Assim como a morte de Marielle foi um recado para aqueles que são subjugados calarem a boca
A de Anderson significa para aqueles que os apoiam, se absterem ou serão os próximos alvos

Está sendo difícil para Monica, namorada de Marielle
Está sendo difícil para Luyara, sua filha
Está sendo difícil para Marinete, sua mãe
Está sendo difícil para Antonio, seu pai

Está sendo difícil para mim
Sinto que para outros negros como eu também
Permanece um sentimento de desalento
Começamos a se questionar nossos métodos, pois você quer permanecer ao menos vivo

Porém é necessário reagir e agir
Cada um no seu tempo
As falas começam a surgir aos poucos
Nos permitamos sofrer
Pois esses tiros foi como se fôssemos acertados diretamente
Mais um corpo negro que tomba
Quando nos recompor
Partiremos para a ação
E saibamos que existe um refúgio entre os nossos

Não será em vão

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